8 de dezembro de 2006

O "Impresenciável"

por

André Cruden


Eu posso contar a minha história através das mortes que permearam meu caminho. A de meu avô aos dez, a de meu tio aos doze, a de meu irmão ao quinze, a de meu primo aos vinte, a de minha mãe aos 25.

É estranho o silêncio que se coloca e a voz que ecoa lúcida, límpida e onipresente. Fulano morreu, está morto. Um discurso ao mesmo tempo racional e emotivo. Repetido sem parar. E fulano parece também morrer repetidas vezes, a cada momento que essas palavras ressoam.

Talvez seja assim o discurso da morte, tão implacavelmente racional quanto humanamente impensável. O fim do corpo é também o fim de uma vida. Esta, a da terra.

Isto é o mais impressionante quando se fala da morte. Ela é natural, pois pertence ao ciclo da vida, portanto algo mais saudável e harmonioso não existe. Ela é desumana, pois tira um ente querido da nossa convivência, portanto nada mais cruel e perverso.

A morte tem essas duas faces. A dualidade lhe pertence. Entretanto, o mais irredutível é, sobretudo o ato de morrer. Incompreensível. Impresenciável.

7 de dezembro de 2006

Retrospectiva John Cassavetes


Com a curadoria do diretor Joel Pizzini, o CCBB garimpou para a mostra “Faces de Cassavetes” os 12 longas-metragens que fizeram do diretor um ícone da produção independente. Do primeiro, “Sombras” (1959) ao último exercício na direção, “Um grande problema” (1986), Cassavetes conservou sempre as mesmas características, anti-hollywoodianas: filmes baratíssimos, ensaiados e rodados quase sempre em 16mm. “Valiam até imagens fora de foco” revela o produtor Al Ruban, que foi diretor de fotografia de Cassavetes em cinco longas, entre eles “Noite de Estréia” (na foto o diretor-ator com a esposa e atriz de boa parte de seus filmes Gena Rowlands), que rendeu uma indicação ao Urso de Ouro em Berlim ao cineasta. Valia também a improvisação e a participação do elenco na composição e condução da trama.

A retrospectiva Faces de Cassavetes traz ainda a ocasião de ver alguns documentários sobre ele (Cinéastes de notre temps e A constante forje) e filmes onde apenas atua (Os doze condenados, O bebê de Rosemary, A fúria). Paralelo à sua atividade de diretor independente, Cassavetes construiu uma carreira sólido como astro hollywoodiano aliado aos estúdios e às grandes produções. Carreira esta de grande apelo popular e rentável que lhe garantia a produção de seus filmes experimentais. Este homem de duas e mais faces o qual o cinema americano contemporâneo deve muito de sua agilidade e força narrativa, tem um poder inigualável de se aproximar de seus personagens e os colocá-los à nu com todas as suas fragilidades, carências e contradições. O primeiríssimo plano da classe média americana nunca mais foi o mesmo depois de Cassavetes.

Confira a programação completa da mostra que vai até o próximo dia 17 no site do CCBB. Além da oportunidade de ver e rever algumas preciosidades da filmografia do diretor enfant terrible do cinema americano dos anos 60 e 70, como “Uma mulher sob influência” (1974), a retrospectiva vai permitir aos cinéfilos cariocas uma visão global de uma obra fascinante e cohesa. O destaque desta retrospectiva é o documentário “A Constante Forje” (2000), de Charles Kiselyak. Um filme de quase três horas de duração que muito mais do que fazer um balanço da carreira do diretor, desvenda as nuances e as particularidades de suas técnicas cinematográficas e por que não de sua arte - através de entrevistas com pesquisadores e estudiosos do cinema. O filme mostra ainda entre outras coisas como a relação filme-família era intrínseco e constitutivo na obra de Cassavetes. A parceria na construção-realização de um filme contava com a participação tanto de sua família real como o filho Nick Cassavetes (que como o pai iria se tornar anos mais tarde ator e diretor) quanto dos técnicos, câmeras e atores fiéis e constantes em seus filmes como Ben Gazarra, Seymour Cassel, Peter Falk e notadamente sua esposa, Gena Rowlands. Boa mostra. (Hudson Moura)



6 de dezembro de 2006

Nam June Paik



T.V. Cello with Charlotte Moorman - 1971






Assista abaixo ou Aqui alguns filmes e vídeos-instalações de Nam June Paik (1932-2006)




























Zen For Film (1962-64) de Nam June Paik


Veja aqui as últimas obras de Nam June Paik

Sundance e Havana

Filmes brasileiros são selecionados para Festival de Sundance

64 filmes foram selecionados para o Festival de Sundance, o mais importante evento de cinema independente dos EUA. Entre eles, estão os brasileiros "O Cheiro do Ralo" (foto), de Heitor Dhalia , na categoria Cinema Mundial - Ficção, e "Acidente", de Cao Guimarães e Pablo Lobato, na categoria Cinema Mundial - Documentário. O festival acontece de 18 a 28 de janeiro de 2007, no estado de Utah, no oeste dos EUA. Ao todo, 82 pré-estréias e 122 títulos de 25 países serão exibidos no Festival Sundance. "O Cheiro do Ralo" foi escolhido melhor filme por decisão unânime do júri da Mostra Cinema de São Paulo.
Fonte: Folha Online, 29/11


Brasil está entre favoritos no Festival Latino-Americano de Havana
Brasil, Argentina e Cuba são os favoritos na disputa aos prêmios Coral do 28º Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano, que vai até o dia 15/12, com a exibição de 468 filmes, sendo 105 na mostra competitiva. Dezoito filmes concorrem ao prêmio Coral na categoria longa-metragem de ficção, entre os quais se destacam os nomes de diretores como os brasileiros Cacá Diegues, Tata Amaral e Karim Aïnouz; os argentinos Carlos Sorín, Pablo Trapero e Daniel Burman; o peruano Francisco Lombardi, o mexicano Paul Leduc e o uruguaio Israel Adrián Caetano. O Brasil estará representado na competição de longas de ficção pelo filme de Diegues, "O Maior Amor do Mundo" (foto), que acaba de levar o primeiro prêmio do Festival de Montreal; "Antonia", de Amaral; e "O Céu de Suely", de Aïnouz, filme selecionado para os Festivais de Veneza e Toronto.
Fonte: Folha Online, 04/12

Lançamento de livros: Boca do Lixo e Cartaz de Cinema


Cineasta lança livro sobre Boca do Lixo na rua Augusta

O cineasta Nuno Cesar Abreu, professor do Departamento de Cinema do Instituto de Artes da Unicamp, lança nesta quarta-feira (13/12), às 19h, no Espaço Unibanco de Cinema, o livro "Boca do Lixo: Cinema e Classes Populares". A obra aborda o ciclo da Boca do Lixo, um processo de produção cinematográfica que se realizou no anos 70, no centro de São Paulo. Identificado com a pornochanchada, o cinema da Boca do Lixo desenvolveu uma identidade atravessada pelas mesmas questões que mobilizavam os outros setores da produção cinematográfica: criatividade, censura, mercado, modo de produção. Segundo explica Abreu, uma conjugação de fatores levou à formação de um pólo produtor paulista que desenvolveu formas econômicas, artísticas e de relacionamento com características próprias.
Fonte: Folha Online, 04/12


Cartaz de cinema
Fernando Pimenta catalogou mais de 200 cartazes de filmes, como “Bye Bye Brasil” e “O Sol”, assinados por ele no livro “O Cinema Brasileiro em Cartaz”. Para Pimenta, cartazes de hoje têm closes demais. O lançamento será quinta-feira (07/12), na galeria Marcia Barroso do Amaral.
Fonte: O Globo, 05/12

4 de dezembro de 2006

Sins (poemas para não ler) de Magali Oliveira Fernandes

amor soa sins
e tateia eus
na gratuidade
do corpo.

é folha de livro
que (lida ou quase)
se desfaz no tempo.

fica somente o perfume,
um outro texto, submerso
na imensidão do ar.


"Este livro, sendo o dos sins, traz embutida a idéia de seu oposto, os nãos, como num abrir e fechar permanente. Aí têm lugar a poética do livro, a do corpo, a do sonho. E por isso também há lugar para um conjunto de alusões sutis".
Jerusa Pires Ferreira


A Dix Editorial e a Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura
convidam para o lançamento do livro

Sins
(poemas para não ler)


Magali Oliveira Fernandes

Lançamento

dia 16 de dezembro - sábado
das 14:00 às 17:00 h

Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura
Avenida Paulista, 37 - fone (11) 3251-5271

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