15 de novembro de 2009

Cineasta português Manoel de Oliveira receberá Honoris Causa e fará conferência na UFMG


Aos 101 anos de idade, com mais de 50 filmes realizados, o português Manoel de Oliveira estará na UFMG no próximo dia 26 de novembro, para receber o título de Doutor Honoris Causa e fazer conferência como parte do ciclo Sentimentos do Mundo.

A partir das 17h, no auditório da Reitoria (campus Pampulha), Mnoel de Oliveira vai participar de mesa-redonda com o tema Palavra, imagem, utopia, ao lado do professor da UFMG César Guimarães; de Mateus Araújo, doutor pela UFMG e pela Sorbonne e professor de cinema na França, e do professor da Universidade de Roma Tor Vergata, na Itália, Aniello Avella. Em seguida, o diretor português receberá o título e iniciará a conferência Reflexões sobre a condição humana.

Admirador do cineasta dinamarquês Carl Dreyer (1889-1968) e de Glauber Rocha, que considera "inesquecível, o mais brasileiro dos realizadores", Manoel de Oliveira já lançou um filme este ano – Singularidades de uma rapariga loura, baseado no conto homônimo de Eça de Queiroz – e já prepara nova produção. Pouco conhecido do grande público no Brasil, Manoel de Oliveira é muito respeitado em países como a Itália, a França e a Espanha. A singularidade estética de suas obras faz do cineasta um dos mais originais representantes de um cinema autoral, que tem na literatura importante fonte de inspiração.

Manoel de Oliveira recebeu inpúmeros prêmios, como o Leão de Ouro nos festivais de Veneza de 1985 e 2004 e a Palma de Ouro em Cannes em 2008. Vinte de seus títulos (15 longas-metragens e cinco curtas) foram realizados a partir dos anos 1980. Aniki Bobó (1942), Acto da primavera (1963), Amor de perdição (1979), Palavra e utopia (2000) e Um filme falado (2003) são alguns de seus principais filmes.

11 de outubro de 2009

Baião de Dois: Teixeira e balairinos da favela marcam a presença brasileira no Festival de Cinema de Vancouver


A arte brasileira como de praxe é presença garantida no Festival Internacional de Cinema de Vancouver (VIFF). São dois documentários "artísticos", o primeiro produzido pela atriz Denise Dumont sobre a música popular brasileira e o segundo de uma documentarista estrangeira que acompanhou dois jovens balairinos da favela do Rio de Janeiro em competições mundiais.

O homem que engarrafava nuvens (The Man Who Bottled the Clouds), dirigido pelo pernambucano Lírio Ferreira (Baile Perfumado, Árido Movie e Cartola), é uma aula sobre música popular brasileira ao mesmo tempo que um corajoso depoimento de Denise Dumont. "Eu não conhecia meu pai"--diz a atriz no início do documentário andando pelos corredores de um cemitério. Seu pai para espanto de muitos foi nada menos que o autor de Asa Branca--um dos hinos do repertório musical popular brasileiro--Humberto Teixeira (que todos nós conhecemos!). O filme faz toda uma viagem musical sobre a ascendência do baião na música popular através dos acordes de Teixeira e a voz de Luiz Gonzaga nos idos 30 e 40 até os dias hoje. Vários cantores brasileiros (Os Mutantes, Bebel Gilberto, Caetano Veloso, Chico Buarque, Gal Costa, Gilberto Gil, Maria Bethânia, etc.) e estrangeiros como David Byrne reinterpretam os clássicos de Teixeira, enquanto que paralelamente, aos poucos, e cronologicamente, vamos conhecendo mais sobre a história do baião e a consagração mundial desse estilo da música sertaneja. No entanto, fica para o final o grande desabafo e talvez a razão do documentário, Dumont em depoimentos emocionados, especialmente aquele ao lado da mãe, fala da vida boêmia do pai e a consequente ausência em sua vida. Mas se você não conhece Dumont ou se você não tem curiosidade histórica, regale-se com as sequências musicais que Lírio Ferreira e o diretor de fotografia Walter Carvalho fazem desfilar com elegância e maestria na tela.


Elegância talvez seja a palavra que defina o documentário Só Quando Eu Danço (Only when I dance) da diretora Beadie Finzi. Ela acompanha com delicadeza e bastante "zelo" a ascenção de dois jovens bailarinos--Isabela dos Santos e Irlan Santos da Silva--da favela carioca Complexo do Alemão aos palcos de competições internacionais na Europa e nos Estados Unidos. Ambos talentosos mas com sérios problemas financeiros, eles precisam serem os melhores para poderem compensar todo o esforço e empréstimos que os pais fazem para arcar com o sonho dos filhos. Bastante emocionante pelo lado brutal que a grana se torna um obstáculo para o futuro desses jovens, o filme nos deixa levar pelo drama humano de bastidores que cerca toda e qualquer competição. Talvez o filme peque um pouco pelo excesso de zelo, e por isto perca um pouco o equilíbrio, justamente naquela linha tênue que separa um documentário (da mesmice) de uma reportagem de televisão. Afinal, em tempos digitais, a diferença entre uma mídia e outra é bastante subjetiva. Será que o HDCAM (Câmera digital de alta definição) tem a sua parte nesta história?

Enquanto a cena de abertura é o bailarino Irlan dançando na laje de sua casa com a favela de fundo, na cena final não poderia ser diferente, o mesmo jovem dança no alto de um edifício em meio aos arranha-céis de Nova Iorque.
Hudson Moura

17 de setembro de 2009

Abecedário de Deleuze com legendas em português para download

O Abecedário de Gilles Deleuze é uma realização de Pierre-André Boutang, produzido pelas Éditions Montparnasse, Paris. No Brasil, foi divulgado pela TV Escola, Ministério da Educação. Tradução e Legendas: Raccord.

A série de entrevistas, feita por Claire Parnet, foi filmada nos anos 1988-1989. Lembrando que como diz Deleuze no início da entrevista, o acordo era de que o filme só seria apresentado após sua morte. O filme acabou sendo apresentado, entretanto, com o consentimento de Deleuze, entre novembro de 1994 e maio de 1995, no canal (franco-alemão) de TV Arte. Durante a entrevista, a cada letra do abecedário era apresentada ao filósofo uma palavra com a inicial correspondente, sobre a qual Deleuze discorria livremente.


Elenco:Gilles Deleuze e Claire Parnet
Gênero: Documentário
Diretor: Pierre-André Boutang
Duração: 158 minutos
País de Origem: França
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0408472
Idioma do Audio: Francês
Legendas: Português embutida
Qualidade do Vídeo: VHSRip
Ano de Lançamento: 1988
Vídeo Codec: Real video 9
Resolução: 256 X 192
Formato de Tela: Tela Cheia(4x3)

A de Animal - B de Bebida - C de Cultura - D de Desejo - E de Enfance [Infância] - F de Fidelidade
Parte 1
Parte 2

G de Gauche [esquerda] - H de história - I de idéia - J de joie [alegria] - K de Kant - L de literatura
Parte Única

M de Maladie - N de neurologia - O de opera - P de professor - Q de questão - R de resistência - S de style - T de tênis - U de um - V de viagem - W de Wittgenstein - X, Y de desconhecidos - Z de zigzag
Parte 1
Parte 2


fonte: Café Filosófico

15 de setembro de 2009

Cinema brasileiro cresce 163%, mas público só aumenta 6,6%

Dados da Agência Nacional do Cinema indicam crescimento acelerado da indústria cinematográfica, mas bilheteria não segue a mesma tendência

A produção de filmes nacionais entre 2001 e 2008 aumentou 163%, mas o público desses mesmos filmes cresceu apenas 6,6%. Os cálculos feitos a partir de dados da Agência Nacional do Cinema (Ancine) mostram que o crescimento da indústria cinematográfica não é acompanhado pelo número de pagantes de ingressos.

Em 2001, foram produzidos 30 filmes nacionais, enquanto em 2008 o número foi de 79. Os dados de 2009 ainda não foram contabilizados. Desde o início do século 21, o principal salto ocorreu entre 2005 e 2006, quando, respectivamente, foram filmados 45 e 72 filmes.

O público, por outro lado, cresceu menos. 7.948.065 milhões de pessoas assistiram aos filmes brasileiros em 2001, enquanto 8.476.129 foram com o mesmo motivo aos cinemas em 2008. O crescimento foi de apenas 6,6 %, representando um número abaixo do melhor ano do cinema nacional no novo milênio.

O melhor ano do século para o cinema nacional, até agora, foi 2003. Mais de 22 milhões de pessoas viram as produções realizadas por estúdios brasileiros, ou seja, 2008 representa uma queda de 61% em relação ao melhor ano. Depois do pico de 2003, a curva de público caiu e estabilizou. No entanto, em 2008 configurou-se um crescimento de 159% em relação a 1995, considerado o ano da retomada e marcado pelo filme “Carlota Joaquina”, de Carla Camurati.


Depois da TV foi a vez das Organizações Globo encamparem com o seu monopólio o mercado cinematográfico brasileiro

O sucesso de 2003 pode ser explicado pelo alto número de lançamentos de sucesso. Sete produções superaram um milhão de espectadores. São elas “Carandiru”, “Lisbela e o Prisioneiro”, “Os Normais”, “Maria, mãe do filho de Deus”, “Xuxa abracadabra”, “Didi, o cupido Trapalhão” e “Deus é brasileiro”. Os sete longas-metragens foram produzidos pela Globo Filmes, que lidera o mercado nacional.

Desconsiderando a variação, mas apenas o ano de 2001 e 2008, é como se, hipoteticamente, cada novo filme lançado no período aumentasse o público nacional em apenas 10.785 mil pessoas.

A cadeia produtiva também possui uma variação de crescimento maior no período. As distribuidoras de filmes nacionais aumentaram em 220% e o número de salas cresceu 82,25%, quando comparamos 2001 com 2008.

Causas e efeitos

O diretor José Alvarenga Jr., que estreiou "Os Normais 2" (foto acima) em agosto, acredita que um dos fatores da variação menor do público em relação à produção são as opções de restrição da linguagem cinematográfica que alguns cineastas fazem. Segundo ele, nem todos os realizadores têm o prazer de falar com o grande público.

“Eu acho, por exemplo, que apesar das boas intenções, um filme por ano se comunicou com a massa de 2003 para cá. Um! Mas é muito pouco. Para você ter um público que descobre que o cinema brasileiro é um grande prazer, você tem que ter quatro, cinco filmes encadeados. É isso que faz o cinema americano ser bom, porque daí você faz a sua escolha”, opina Alvarenga. Ele completa: “Falta para a gente ainda essa quantidade de filmes que tenham esse perfil de querer dialogar com o público grande”.

Ismail Xavier (foto abaixo), professor do curso de Audiovisual da USP, aponta outras causas para o público não crescer. “Há vários fatores: domínio do mercado por Hollywood desde os anos 1920; hábitos do público; verbas necessárias à publicidade, cada vez maiores; aspectos da vida urbana (insegurança) que mantêm as pessoas em casa; preço do ingresso do cinema – hoje, uma diversão de classe média”, afirma.

No entanto, o professor acredita que “a distribuição é mesmo o maior gargalo, mas a exibição também é um problema – muitas cidades sem cinema e a concentração dos cinemas numa certa área nas grandes cidades”.

Álvaro de Carvalho Neto, produtor do filme “Manhã Transfigurada”, fala, por outro lado, que a questão está nas artimanhas da lei de Incentivo: “tem muito autor que prefere pegar o dinheiro do governo, filmar e não distribuir o filme. Ele não vai ter prejuízo”.

Ismail não acredita que esta seja uma prática comum. Para ele, “o fato de um filme já estar pago, não significa que o cineasta não se interessa pela exibição, pois isto seria suicídio cultural”. Alvarenga concorda, pois, para ele, um diretor interessado apenas em ganhar dinheiro, não fará um filme com qualidade.

Incentivo

O vale-cultura, projeto de lei do governo Lula, que pretende levar a população de baixa renda aos espetáculos culturais, pode ser uma saída para aumento do público do cinema. Os trabalhadores até cinco salários-mínimos terão um cartão mensal de R$ 50 que poderá ser gasto com cinema, teatro, CDs ou DVDs.

“O vale-cultura é fundamental, porque um dos problemas do cinema brasileiro é o ingresso que é caro para a classe desprivilegiada. Como essa classe consegue ter acesso ao cinema? “Divã”, que eu fiz recente, está pirateado e você encontra por R$ 4 o DVD. Esse público tem acesso à cultura de uma maneira distorcida, o que é ruim para a cadeia toda, é ruim para mim como autor que não ganha copyright para alguém estar ganhando em cima de mim. O vale-cultura reequilibra um pouco esse jogo, as pessoas passam a ter acesso ao conteúdo com a qualidade que ele foi pensado”, defende Alvarenga.
Abril Online, Rafael Kato, 28/08/2009.

7 de setembro de 2009

Claudia Andujar



Lançamento do livro e da exposição fotográfica "Marcados" de Cláudia Andujar sobre os índios marcados por números, com texto de Stella Senra








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