27 de maio de 2011

Otra Película de Amor: Apreendendo a dor da nostalgia



Otra película de amor (Another Movie of Love, 2010, parte da programação do 21o. Inside Out em Toronto) do chileno Edwin Oyarce, parece mesmo ter sido transportada é de outro tempo… uma fábula que nos envereda pelos tristes e sofridos caminhos da nostalgia ou do sentimento da falta (como diria os castelhanos). Diego, um garoto recém saído da adolescência, diz no início do filme ao amigo Sebastian não ser nostálgico como o amigo e não sentir saudades de nada. Ele justamente que não parar de tirar fotografias com uma velha câmera reflex e contar histórias para a amiga em coma. Esta questão do tempo nostálgico é o pretexto para Oyarce nos conduzir pelos caminhos de um coming age que no vocabulário gls também se confude com coming out, quando estes ao mesmo tempo que amadurecem os anos teens acabam descobrindo e explorando suas opções sexuais.
Assim os dois amigos vão se aproximar e compartilhar uma intimidade que vai além dos limites do permitido... já que eles ao mesmo tempo que avançam nessa descoberta sexual mútua se retraem e se censuram. Um sentimento bastante presente nos personagens e que no filme não se “explica” através da imagem de uma sociedade repressora ou moralista (como acontece de costume na sociedade machista latino-americana), já que a mãe de Diego não somente se mostra aberta para o mundo, como parece incitar um jogo de sedução entre os rapazes. Esses limites repressivos quem estabelecem são os próprios rapazes, com suas angústias, medos e indecisões... que são apenas revelados para a televisão, que parece ser a mantenedora de uma espécie de consciência libertária. Assim o não-dito se confia à televisão e esta se revela uma imagem de origem que o próprio filme-mundo desdenha... a vídeo-arte.

O filme constrói a fábula da nostalgia também através dessa imagem videográfica nervosa, granulada, “sem correção de cores” (como indica o texto inicial), cheia de “imperfeições” visuais, que dá um tom de um tempo e de um clima do passado, o que as curvas das margens do quadro nos faz lembrar das fotos de papel envelhecidas dos anos 80. Poderíamos entendê-la como uma composição ou representação do passado, mas a modernidade e contemporaneidade do olhar não nos deixa enganar, este filme está longe de estar envelhecido.
Hudson Moura

2 comentários:

Lumpy disse...

Oi, Hudson, tudo bem!
Esse filme parece ser muito interessante e gostaria muito de assistí-lo. Procurei para compraro dvd, mas só encontrei para vender em sites alemães, com legenda em alemão, logicamente. Você tem alguma ideia de quando vai sair no Brasil?
Grato.

Intermídias disse...

Não sei te responder... obrigado pelo comentário.

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