7 de dezembro de 2006
Retrospectiva John Cassavetes
Com a curadoria do diretor Joel Pizzini, o CCBB garimpou para a mostra “Faces de Cassavetes” os 12 longas-metragens que fizeram do diretor um ícone da produção independente. Do primeiro, “Sombras” (1959) ao último exercício na direção, “Um grande problema” (1986), Cassavetes conservou sempre as mesmas características, anti-hollywoodianas: filmes baratíssimos, ensaiados e rodados quase sempre em 16mm. “Valiam até imagens fora de foco” revela o produtor Al Ruban, que foi diretor de fotografia de Cassavetes em cinco longas, entre eles “Noite de Estréia” (na foto o diretor-ator com a esposa e atriz de boa parte de seus filmes Gena Rowlands), que rendeu uma indicação ao Urso de Ouro em Berlim ao cineasta. Valia também a improvisação e a participação do elenco na composição e condução da trama.
A retrospectiva Faces de Cassavetes traz ainda a ocasião de ver alguns documentários sobre ele (Cinéastes de notre temps e A constante forje) e filmes onde apenas atua (Os doze condenados, O bebê de Rosemary, A fúria). Paralelo à sua atividade de diretor independente, Cassavetes construiu uma carreira sólido como astro hollywoodiano aliado aos estúdios e às grandes produções. Carreira esta de grande apelo popular e rentável que lhe garantia a produção de seus filmes experimentais. Este homem de duas e mais faces o qual o cinema americano contemporâneo deve muito de sua agilidade e força narrativa, tem um poder inigualável de se aproximar de seus personagens e os colocá-los à nu com todas as suas fragilidades, carências e contradições. O primeiríssimo plano da classe média americana nunca mais foi o mesmo depois de Cassavetes.
Confira a programação completa da mostra que vai até o próximo dia 17 no site do CCBB. Além da oportunidade de ver e rever algumas preciosidades da filmografia do diretor enfant terrible do cinema americano dos anos 60 e 70, como “Uma mulher sob influência” (1974), a retrospectiva vai permitir aos cinéfilos cariocas uma visão global de uma obra fascinante e cohesa. O destaque desta retrospectiva é o documentário “A Constante Forje” (2000), de Charles Kiselyak. Um filme de quase três horas de duração que muito mais do que fazer um balanço da carreira do diretor, desvenda as nuances e as particularidades de suas técnicas cinematográficas e por que não de sua arte - através de entrevistas com pesquisadores e estudiosos do cinema. O filme mostra ainda entre outras coisas como a relação filme-família era intrínseco e constitutivo na obra de Cassavetes. A parceria na construção-realização de um filme contava com a participação tanto de sua família real como o filho Nick Cassavetes (que como o pai iria se tornar anos mais tarde ator e diretor) quanto dos técnicos, câmeras e atores fiéis e constantes em seus filmes como Ben Gazarra, Seymour Cassel, Peter Falk e notadamente sua esposa, Gena Rowlands. Boa mostra. (Hudson Moura)
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